terça-feira, 28 de abril de 2009

O 25 de abril visto tempo depois.

O 25 de abril de 1974 continua a dividir a sociedade portuguesa, sobretudo nos estratos mais velhos da população que viveram os acontecimentos, nas facções extremas do espectro político e nas pessoas politicamente mais empenhadas. A análise que se segue refere-se apenas às divisões entre estes estratos sociais.

Existem actualmente dois pontos de vista dominantes na sociedade portuguesa em relação ao 25 de abril.

Quase todos reconhecem, de uma forma ou de outra, que o 25 de Abril representou um grande salto no desenvolvimento politico-social do país. Mas as pessoas mais à esquerda do espectro político tendem a pensar que o espírito inicial da revolução se perdeu. O PCP lamenta que a revolução não tenha ido mais longe e que muitas das conquistas da revolução se foram perdendo.

De uma forma geral, ambos os lados lamentam a forma como a descolonização foi feita, enquanto que as pessoas mais à direita lamentam as nacionalizações feitas no periodo imediato ao 25 de Abril de 1974 que condicionaram sobremaneira o crescimento de uma economia já então fraca.

Movimentações militares durante a Revolução

No dia 24 de Abril de 1974, um grupo de militares comandados por Otelo Saraiva de Carvalho instalou secretamente o posto de comando do movimento golpista no quartel da Pontinha, em Lisboa.

Às 22h 55m é transmitida a canção ”E depois do Adeus”, de Paulo de Carvalho, pelos Emissores Associados de Lisboa, emitida por Luís Filipe Costa. Este foi um dos sinais previamente combinados pelos golpistas e que desencadeou a tomada de posições da primeira fase do golpe de estado.

O segundo sinal foi dado às 0h20 m, quando foi transmitida a canção ”Grândola Vila Morena“, de José Afonso, pelo programa Limite, da Rádio Renascença , que confirmava o golpe e marcava o início das operações. O locutor de serviço nessa emissão foi Leite de Vasconcelos, jornalista e poeta moçambicano.

O golpe militar do dia 25 de Abril teve a colaboração de vários regimentos militares que desenvolveram uma acção concertada.

No Norte, uma força do CICA 1 liderada pelo Tenente-Coronel Carlos de Azeredo toma o Quartel-General da Região Militar do Porto. Estas forças são reforçadas por forças vindas de Lamego. Forças do BC9 de Viana do Castelo tomam o Aeroporto de Pedras Rubras. Forças do CIOE tomam a RTP e o RCP no Porto. O regime reagiu, e o ministro da Defesa ordenou a forças sedeadas em Braga para avançarem sobre o Porto, no que não foi obedecido, já que estas já tinham aderido ao golpe.

À Escola Prática de Cavalaria, que partiu de Santarém, coube o papel mais importante: a ocupação do Terreiro do Paço. As forças da Escola Prática de Cavalaria eram comandadas pelo então Capitão Salgueiro Maia. O Terreiro do Paço foi ocupado às primeiras horas da manhã. Salgueiro Maia moveu, mais tarde, parte das suas forças para o Quartel do Carmoonde se encontrava o chefe do governo, Marcello Caetano, que ao final do dia se rendeu, fazendo, contudo, a exigência de entregar o poder ao General António de Spínola, que não fazia parte do MFA, para que o "poder não caísse na rua". Marcello Caetano partiu, depois, para a Madeira, rumo ao exílio no Brasil.

A revolução resultou na morte de 4 pessoas, quando elementos da polícia política (PIDE) dispararam sobre um grupo que se manifestava à porta das suas instalações na Rua António Maria Cardoso, em Lisboa.

Cravo

O cravo vermelho tornou-se o símbolo da Revolução de Abril de 1974; Com o amanhecer as pessoas começaram a juntar-se nas ruas, solidários com os soldados revoltosos; alguém (existem várias versões, sobre quem terá sido, mas uma delas é que uma florista contratada para levar cravos para a abertura de um hotel, foi vista por um soldado que pôs um cravo na espingarda, e em seguida todos o fizeram), começou a distribuir cravos vermelhos para os soldados, que depressa os colocaram nos canos das espingardas.

25 de Abril de 1974

Há 35 anos atrás vários homens e mulheres de coragem reuniam-se no dia 25 de Abril para ultimar o plano que visava recuperar a dignidade da nação e a liberdade de expressão e para fazerem cumprir os direitos que nos cabiam.

Em 24 de Abril de 1974 esses Homens não sabiam o que iria acontecer tantos anos depois, no entanto será que sabendo teriam continuado a achar que valeria ainda assim a pena arriscar centenas de vidas para que viessem a ser encarados com leviandade, para que a sua luta pelas mais-valias fosse vão e para que hoje se fizesse homenagem à sua honra molhando os pézinhos nas águas do Algarve?
Eis parte de um texto que nomeia alguns dos que foram mortos pela PIDE e que ilustra ligeiramente o que os Bravos de Abril de 74 (e dos muitos que lhe antecederam) passaram:

"(...) FORAM MORTOS POR ESPANCAMENTO, A TIRO DE PISTOLA E DE METRALHADORA, TORTURA DA SEDE, ENFORCAMENTO, LANÇAMENTO DAS JANELAS DA SEDE DA PIDE, ESMAGAMENTO DOS TESTíCULOS E (...) DOS MAIS VARIADOS E BRUTAIS MÉTODOS DE TORTURA (...)"
Ora tanto sofrimento, tanta luta, tantos sacrifícios e para quê?

Para hoje metade dos patrões não cumprirem os direitos constituicionais adquiridos? Para que os sindicatos tenham desistido das lutas? Para que o povo tenha caído no poço do marrasmo?

Uma pergunta que gostaria de ter feito ao porta-voz dessas lutas recentemente falecido (Álvaro Cunhal) era se tinha valido a pena, obviamente receando que me dissesse que não.

Acredito que a sua resposta fosse "SIM VALEU CAMARADA!" porque ainda assim muita coisa mudou, mas o que é preciso é que os de hoje não se esqueçam de como e porquê mudou! Que se comemore esta luta no feriado e que se venerem os seus Homens ao invés dos Deuses Sol e Centros Comerciais.

O facto é que liberdade parece muitas vezes não ser sinónimo de democracia. Há vários democratas disfarçados de Salazar ou salazares disfarçados de democratas??? Enfim, teremos mesmo total liberdade de expressão???
Será que o povo é quem mais ordena???Ou aquele que continua a sofrer com as decisões dos democratas disfarçados de Salazar??? A liberdade trouxe tudo de bom e disso não há dúvidas. O pior que antes mandava só um, agora mandam
muitos e ao mesmo tempo. É bom? É mau?

A verdade é muitas vezes os mais velhos chamam por Salazar, porque será?